A história da física no Brasil é recente; antes de 1934 não houve praticamente pesquisa neste campo, limitando-se alguns poucos professores a acompanhar os avanços havidos na Europa. Por exemplo, o primeiro professor de física da escola Politécnica em São Paulo, Francisco F. Ramos, tirava radiografias em 1896, apenas 1 ano após a descoberta de Roentgen. Outro professor desta escola, Teodoro A. Ramos roferiu ema série de conferências sobre a Mecânica Quântica em 1931. Não havia ainda niversidades no país, limitando-se os estudos as escolas profissionais de direito, edicina e engenharia. Como conseqüência da revolução de 1930, as primeiras universidades foram fundadas em São Paulo (1934) e no Rio de Janeiro (1935), baseadas em faculdades de Filosofia , Ciências e Letras dedicadas explicitamente à pesquisa,a além do ensino. Entretanto só muito lentamente o espírito de pesquisa começou a permeiar as Universidades, ate que hoje mantem características de escolas profissionais.
Em São Paulo os núcleos de pesquisa foram formados por eminentes professores europeus. O Departamento de Física da nova faculdade foi fundado pelo professor italiano Gleb Wataghin que logo criou em torno de si um grupo ativo de jovens entusiastas estudando as propriedades dos raios cósmicos, tanto experimentalmente como do ponto de vista teórico. * Já em 1941 realizou-se um simpósio internacional de raios cósmicos no Rio, em que o grupo paulista apresentou trabalhos de bom nível. Depois da guerra mundial de 1939-45 muitos jovens discípulos de Wataghin estagiaram na Europa ou nos Estados Unidos, onde participaram de trabalhos de vanguarda, salientando-se a descoberto do meson pi (Lattes, Ochialini e Powell, 1947) e sua subseqüente produção artificial (Lattes e Gardner, 1948). Voltando ao Brasil, estabeleceram grupos próprios.
Assim C.M. G Lattes, J. Tiomno e J. Leite Lopes e outros fundam o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio (1951) que foi o mais importante centro de física de partículas teórica e experimental até 1963.
Também no Rio, Bernard Gross dá início aos estudos de física dos materiais do Instituto Nacional de Tecnologia, continuados por J. Costa Ribeiro na Faculdade Nacional de Filosofia (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Na Universidade de São Paulo, M.D. S Santos dirige a instalação do primeiro acelerador nuclear, um Betatron, em 1948; alguns anos depois ºSala e colaboradores constroem um acelerador eletrostático. X. Schenberg realiza pesquisa em teoria dos campos e propicia, quando chefe do Departamento, a instalação do laboratório de estado sólido. Fundam-se novas instituições: P.A Pompéia instala o Departamento de Física do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em S. José dos Campos; P.L Ferreira estabelece o Instituto de Física teórica; ª de Moraes torna-se diretor do Observatório Astronômico de São Paulo, etc.
A partir de 1956 são fundadas muitas outras instituições de pesquisa em física em todo o país, como mostra a tabela 1. Cresce o número de físicos e em 1966 é fundada a Sociedade Brasileira de Física, com sede em São Paulo (no IFUSP; CX. Postal 20553, S. Paulo), que atualmente tem 1200 sócios e publica a Revista Brasileira de Física, contendo trabalhos originais realizados principalmente no país. No momento a SBF de Física no Brasil.
A necessidade de físicos para os próximos anos, em havendo desenvolvimento econômico e educacional rápido, é estimada em vários milhares. O ensino de física no nível médio e superior ainda é ministrado em grande parte por profissionais de outros campos, como engenheiros e médicos. Somente neste setor há necessidade de professores universitários às centenas e professores secundários aos milhares, sem falar de institutos de pesquisas e indústrias.